sexta-feira, 20 de março de 2009
Duas panelas, uma de ferro, orgulhosa, outra de barro, humilde, moravam na mesma cozinha; e como estivessem vazias, a bocejarem de vadiação, disse a graúda:
- Bela tarde para um giro pela horta! A cozinheira não está e até que venha, teremos tempo de dizer adeus à alface e fazer uma visita aos repolhos. Queres ir?
- Com todo o prazer! - respondeu a panela de barro lisonjeadíssima de honrosa companhia.
- Dá-me o braço então, e vamo-nos depressa antes que “ela” venha.
Assim fizeram, e lá se foram as duas desajeitadonas gingando os corpos ventrudos, cheias de amabilidade para com as hortaliças.
- Bom dia, dona Couve! Comendador Repolho, como passas! Coentrinho, adeus!
No melhor da festa, porém, a panela de ferro falseou o pé e esbarrou na amiga.
- Ai que me trincas! exclamou esta.
- Não foi nada, não foi nada…
Uns passos a mais e novo choque.
- Ai que desbeiças, amiga!
- Em casa arruma-se, não é nada…
Minutos depois terceiro esbarrão, esse formidável.
- Ai! Ai! Ai! Ai! Fizeste-me em pedaços, ingrata!
E a mísera panela de barro caiu por terra a gemer, reduzida a cacos.
Monteiro Lobato
Extraído do site Universo das Fábulas
PS> Você pode contar a história com panelinhas de barro ou figuras, ou ainda com panelas comum ou modeladas com massinha!
As Árvores e o Machado
Um homem foi à floresta e pediu as árvores que estas lhe doassem um cabo para o seu machado. O conselho das árvores concordou com o seu pedido, e deu à ele uma jovem árvore para este fim.
Logo que o homem colocou o novo cabo no machado, começou a usá-lo e em pouco tempo havia derrubado com seus potentes golpes as mais nobres e maiores árvores da floresta.
Um velho carvalho, lamentando quando a destruição dos seus companheiros já estava bem adiantada, disse a um cedro seu vizinho:
- O primeiro passo foi a perdição de todas nós. Se tivéssemos respeitado os direitos daquela jovem árvore, poderíamos ainda ter preservado nossos próprios privilégios, e ficarmos de pé por muitos anos.
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